30 de março de 2004

AI SANTINHA, AI SANTINHA AI SANTINHA... AI ROMANA, AI ROMANA, AI ROMANA
Há uma canção alentejana que tem este refrão. Actualizadíssimo, atendendo às notícias. Portugal vai ter mais uma santinha. Ai valha-nos o Altíssimo, que grande alegria!
Uma emigrante em França rezou nove dias agarrada ao terço e à fotografia de uma doente de Baleizão (creio). Findo este prazo, estava curada da doença que a afligia.
Os padres de Braga aproveitaram logo para enviar o processo para Roma (onde este assunto é dirigido por um padre portugês, by the way...) e ela aí está santificada.
Quando se fala em religião, vem logo gente, por vezes gente sensata, pedir respeito. Pela fé, pela crença, pelo direito a cada um de nós dirigir o seu imaginário na direcção que entender. Nem que seja para cima. Tenho a declarar que não tenho o mínimo respeito por qualquer religião. Nenhuma delas trouxe nada de positivo ao colectivo. Quando muito levou Teresa d'Avila ao orgasmo. Bom para ela. O resto do tempo só prendeu o desenvolvimento dos povos onde grassou. Por ela foram queimadas, torturadas ou destruidas de maneiras várias, milhares de pessoas. Em nome da religião se travou durante anos o progresso científico, não permitindo que se examinassem os corpos que deveriam chegar inteirinhos à companhia dos santos. Ainda hoje se trava, basta pensarmos nas reticências "éticas" à investigação genética.
Em nome de Deus, milhões de mulheres são obrigadas a sair de cara tapada e pelo mesmo nome não podem trabalhar ou competir com os homens. Invocando um dos seus vários nomes, vemos gente à nossa volta ser discriminada e humilhada. Claro que já se lhe chama "moral", ou "bons costumes", mas as razões nasceram nas sacristias.
A coberto da religião gigantescas empresas financeiras enriquecem os seus accionistas. Pedem-lhes apenas em troca que quando forem Ministros disto ou daquilo, secretários de qualquer coisa que façam passar os valores "justos".
Quando se fala em religião não se fala em espiritualidade. Ou em comunhão com os outros. Fala-se em regras únicas e exclusivistas.
Não me peçam que aceite outra religião que não seja a do amor ao meu semelhante e do respeito por mim próprio.
E nessa religião, definitivamente não cabem santinhas...

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